Soneto 18 (Shakespeare - tradução de Ivo Barroso)  

Posted by Nelson Palitot

Devo igualar-te a um dia de verão?
Mais afável e belo é o teu semblante:
O vento esfolha Maio inda em botão,

Dura o termo estival um breve instante.
Muitas vezes a luz do céu calcina,
Mas o áureo tom também perde a clareza:
De seu belo a beleza enfim declina,
Ao léu ou pelas leis da Natureza,
Só teu verão eterno não se acaba
Nem a posse de tua formosura;
De impor-te a sombra a Morte não se gaba
Pois que esta estrofe eterna ao Tempo dura.
Enquanto houver viventes nesta lida,
Há-de viver meu verso e te dar vida.

This entry was posted on sábado, 28 de fevereiro de 2009 at 12:02 . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

1 comentários

Traduzi também. Ficou assim:

Soneto 18

(para Maria)


Posso-te comparar a um dia quente?
De certo, és mais belo e mais bonito.
O Vento já desfolha Maio ardente,
E o tempo do Verão é tão finito:
Às vezes brilha o Sol com crueldade,
Mas logo apaga, é um astro bem sombrio.
Tem a beleza extrema brevidade:
É assim a lei da flor, do acaso frio.
Em ti, porém, eterno é o Verão
Como a tua beleza e formosura.
A Morte não te impõe a assombração,
Pois neste poema eterno o belo dura.


E enquanto cá na terra houver alguém,
Meus versos quentes cantarão meu bem.

28 de abril de 2020 às 02:02

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